Abertura da Exposição Chão de Cores – Mercado Sul memória, cultura e movimento

©Webert da Cruz

O território da comunidade Mercado Sul de Taguatinga (DF) foi e tem sido importante na história do Distrito Federal. Há mais de vinte e cinco anos, a cena cultural e artística da cidade se cria e resiste nas ruas do Beco, apesar da criminalização e marginalização que a atravessa. A facilitação ao acesso de vivências culturais no local é evidente tanto para artistas que produzem ou estão iniciando suas caminhadas, quanto para o público em geral e moradores que convivem com as movimentações de perto.

O chão da comunidade é ocupado constantemente por pessoas que enriquecem com cultura um território que está fora do Plano Piloto, garantindo o direito à cidade em sua pluralidade. Também compõe esse processo ações em uma perspectiva popular e comunitária, autônoma, com olhar sobre o direito à moradia e a cultura.

No Mercado Sul tem samba rural, de coco e de canção. Surgem maracatus que estremecem as ruas, forró chamegado, mamulengos que animam sorrisos. Tem também culinária diversa e regional, expressões poéticas, rap, grafite. A cultura ballroom LGBTQIAP+ se faz presente e resiste junto a outras coloridas manifestações. Destas, algumas já reconhecidas como patrimônio cultural, como a capoeira, que trás ginga para esse lugar. Existem artesanatos ecológicos e uma ampla produção no âmbito das artes visuais, audiovisual, cênica e circense. São desenvolvidos saberes e fazeres ligados a povos tradicionais, originários e negros. Pessoas de diferentes regiões do Brasil e do mundo já passaram pelo Beco.

A comunidade que mantém a cultura viva no local acredita e luta pelo reconhecimento oficial do Mercado Sul enquanto Patrimônio Cultural do Distrito Federal. Na busca pelo reconhecimento e suporte do Estado, aqui geramos reflexões sobre o valor histórico e significativo do Mercado Sul a partir de olhares de quem vivencia essa abundância cultural. Artistas fotógrafes que contribuem com a memória dos muros, sons, sabores, toques e pisadas em um chão cheio de histórias, um chão de cores.