VIII Exposição Coletiva: Uma reflexão sobre a diversidade através da fotografia

Ensaio “Orla”, do fotógrafo Francisco de Souza, vencedor do Prêmio Aquisição do Museu Nacional da República.

O Festival Mês da Fotografia vai exibir nove ensaios fotográficos que estimulam reflexões fundamentais para a valorização e reconhecimento de povos dissidentes

Os ensaios estão entre as quatro categorias que compõem a VIII Exposição Coletiva do Festival Mês da Fotografia. Com o tema “Reencontros e suas Possibilidades” a edição 2023 comemora o recebimento de mais de 5.000 fotos e mais de 1.000 inscritos. Esta categoria permite ao fotógrafo a possibilidade de, com seu olhar atento e apurado, gerar uma maior reflexão sobre o tema escolhido.

No ensaio “Força Ancestral”, Curt Duo (MG) enfoca a preservação da história, cultura e tradição dos povos indígenas, capturando imagens de seus costumes e lares, destacando a importância dos grupos dissidentes. Da mesma forma, o Ensaio “Orla”, de Francisco de Souza (RJ) explora o sentimento de pertencimento, o desejo e o potencial das comunidades periféricas em ocupar a área nobre do Rio de Janeiro. É um olhar periférico de quem busca pertencer a esse espaço e acredita que pode agregá-lo. A presença da periferia também se destaca no ensaio “Um rolê no paraíso – Favelou”, realizado por Marcela Novais, tem como objetivo retratar a sua própria comunidade, Paraisópolis, revelando a realidade e a alegria de um mundo repleto de cores, arquitetura e vida: a favela.

O estado do Maranhão está representado com dois ensaios no Festival. Entre eles “Zeladores de Voduns do Benin ao Maranhão”, de Marcio Vasconcelos, que documenta os templos de culto aos vodus e seus respectivos líderes tanto no Benim, na África Ocidental, quanto no Maranhão, estabelecendo um paralelo entre os sacerdotes africanos e os chefes dos Terreiros do Tambor de Mina no Brasil. Em “Tambor de Crioula”, Júlio Magalhães registra esta manifestação cultural afro-brasileira cujas raízes estão ligadas aos movimentos de afirmação e resistência da cultura negra. Do Mato Grosso, de Ju Queiroz, o ensaio-manifesto “Envenenada”, que denuncia a morte causada pelo agronegócio e também aprofunda a reflexão sobre a padronização do corpo.

A brasiliense Mariana Almada foi até o Pará para retratar o carnaval de São Caetano de Odivelas, com o ensaio “Foliando”, que mostra uma festividade típica do mês de junho naquele estado que já foi incorporada à programação carnavalesca, destacando o boi de máscaras. A fotógrafa Priscilla Buhr (PE) aborda a impossibilidade da mulher de gestar um filho em seu ensaio “Não Reagente” e busca compreender os sentimentos da mulher “infértil” em uma sociedade que tenta controlar seu corpo através da gestação compulsória.

Já o ensaio “Centenário do Capão”, da paulista Suzana Leite busca dar visibilidade aos idosos que habitam os territórios periféricos. O protagonista é o senhor José Jacó, um alagoano de 105 anos, que vive ao lado de sua esposa, Maria Avelino, de 80 anos. Ambos possuem uma paixão pela música e pela poesia, e constantemente expressam declarações de amor um ao outro.

Para o Festival os ensaios desempenham um papel fundamental na desconstrução de estereótipos, propondo uma sociedade mais igualitária e gerando novas reflexões sobre a sociedade, a arte e a vida.

Foto da capa por Francisco de Souza

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